"E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar,
que está obrigado a guardar toda a lei. Separados estais
de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça
tendes caído.
Porque nós pelo Espírito da fé aguardamos
a esperança da justiça". - (Gálatas,
5:3-5)
Com
mais de dois bilhões de adeptos no mundo, o cristianismo
deve a sua existência ao trabalho incansável de um
homem chamado Paulo. No princípio, o apóstolo foi
um perseguidor da igreja nascente. Chamava-se Saulo e respirava
ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor,
onde ele pudesse alcançá-los. Depois, numa aparição
na estrada de Damasco, foi convertido pelo próprio Jesus
e tornou-se Paulo de Tarso, o mais dedicado apóstolo de
Cristo. Foi ele o fundador das primeiras comunidades cristãs
em terras gentias, dando-lhes sentido teológico e ordenando-lhes
um corpo de doutrina, de modo que não se perdessem na ortodoxia
dos judeus, nem no pensamento racionalista dos gregos.
Ler
as cartas do apóstolo Paulo é se deliciar com a
história do cristianismo no primeiro século. É
alegrar-se com a coragem desse novo David que, mesmo solitário,
lutando contra tudo, não deixou de amar o seu Senhor, até
o fim de seus dias. Mas também, é de se entristecer,
em ver que os crentes daquele tempo, assim como os de hoje, não
compreendiam a Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Preferiam
as fábulas e o andar pendurados nas coisas antigas e velhas.
Uma das igrejas que mais deram trabalho a Paulo, foi a igreja
de Corinto. Duas cartas escritas pelo Apóstolo a esta igreja
fazem parte do Novo Testamento: I Coríntios e II Coríntios.
Os textos são de constantes admoestações,
em face dos desvios que aconteciam nessa comunidade. Os cristãos
não podem deixar de ler e meditar nas epístolas
de todos os apóstolos, mas estudar as cartas paulinas,
é indispensável para a boa formação
do discípulo de Jesus.
A
comunidade cristã de Corinto não foi somente a igreja
mais trabalhosa do apostolado de Paulo, mas é também
a imagem de certas igrejas evangélicas dos nossos dias.
Quisesse o bom Deus enviar alguém no mesmo espírito
de Paulo, para nos ajudar com tantas práticas e conceitos
que estão nas igrejas e que, de modo algum têm a
ver com o cristianismo ensinado por ele. Mas, como não
temos esse Paulo, precisamos por nós mesmos, descobrir
os caminhos para onde seguir. Não podemos continuar repetindo
os velhos equívocos. Então, quem foi os grandes
inimigos de Paulo nas igrejas orientada por ele? A resposta não
é muito difícil: era a presença de doutrinas
vindas da Grécia e dos próprios judeus.
Em
Corinto, costumava-se falar certa “língua dos anjos”,
uma manifestação de espírito, onde as pessoas
ficavam possuídas e falavam coisas enroladas, que ninguém
conseguia entender. Paulo teve de fazer severas admoestações
aos Coríntios, na sua Primeira Carta, no capítulo
14. Ele deixa claro que o dom de línguas não era
um fenômeno desejado na igreja, pois era um sinal para os
infiéis. Desejava um outro dom, o chamado “dom da
profecia”, que muitos confundem com o espírito de
adivinhação. Na igreja da Galácia, o problema
era o judaísmo. Discípulos ligados a Tiago achavam
que o cristianismo deveria seguir atrelado a determinadas práticas
judaicas. O ponto capital estava na circuncisão. Ora, a
circuncisão fazia parte da lei de Moisés, abolida
por Cristo. O laço com Deus, através de Jesus, estava
agora no coração e não na carne. Quando escreveu
aos Gálatas, Paulo disse que se alguém observasse
um só preceito da lei, obrigado estava a observar toda
a lei. E agrava ainda a situação quando ele diz
que se alguém andar pelo Antigo Testamento, destituído
da graça de Cristo está.
Se
Apóstolo vivesse nos nossos dias, ficaria surpreso ao deparar
nas igrejas cristãs, com muito dos males que combateu na
sua época. Não são poucos os pastores e líderes
religiosos envolvidos com idolatria, língua dos anjos,
e muitas condutas relacionadas ao Antigo Testamento. Na sua simplicidade,
o povo caminha na ignorância das coisas de Deus, achando
que fazendo obras exteriores, está se justificando diante
do Pai. Mal sabe ele, que ao obedecer a um preceito da lei antiga,
está abrindo mão da Graça de Jesus e se sujeitando
novamente a Moisés, quer dizer, ao “ministério
da morte”, como foi chamado o Ministério do antigo
profeta. Seguir o Antigo Testamento é abrir mão
de Cristo. Mas e os mandamentos? O que vamos fazer sem eles? E
quem disse que os mandamentos vão ser abandonados? Cristo
é o cumprimento da lei e dos profetas. Crendo no Filho
de Deus e aceitando o sacrifício da cruz, como a única
via de salvação, todos os mandamentos se cumprem
naturalmente. Não pelo caminho da obediência, mas
pelo caminho do amor, que abundantemente nos é dado por
Deus na pessoa de Cristo. Nada precisamos a não ser a fé
no Filho de Deus, Senhor e salvador de todos nós. AMÉM.
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