“O
espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita;
as palavras que eu vos disse são espírito e vida.”
– (João, 6:63).
Vez
por outra, recebemos notícias de que alguém que
morreu, teve o seu corpo cremado. Alguns guardam as cinzas dos
falecidos e outros, as espalham pelos campos e pelos rios. Queimar
corpos de pessoas falecidas é uma prática antiga,
oriunda de povos pagãos e que acabou vindo parar no mundo
ocidental. Na história do Povo de Deus, não há
referências a este tipo de conduta fúnebre. De modo
geral, os cadáveres e as sepulturas eram considerados imundos,
e os tais, deveriam ser enterrados no chão, como é
de costume.
Para
nós crentes, a questão é um pouco mais profunda.
Boa parte dos cristãos acredita na ressurreição
dos cadáveres, que no dia do Juízo, voltariam a
cobrir as almas dos que morreram e foram salvos. Mas, há
passagens que testifique essa ressurreição da carne?
Não, não há passagens claras a esse respeito
nas Escrituras. Porém, há testemunhos de pessoas
que morreram nos tempos antigos e voltaram a aparecer no cenário
terreno. É o caso, por exemplo, da aparição
de Moisés e Elias, no episódio da transfiguração,
narrado nos Evangelhos. E, a visão era tão real,
que os discípulos ficaram confundidos, perguntando ao Senhor,
se deveriam fazer uma tenda, para abrigá-los.
A
história da humanidade também é pródiga
de casos e situações em que pessoas têm visão
de falecidos. O que parece não haver dúvidas é
que de um, ou de outro modo, o ser humano depois que morre continua
existindo do lado de lá. E essa existência acontece
por meio de um corpo. Com certeza, não se trata do corpo
depositado na sepultura. Paulo, ao escrever aos Coríntios,
na sua primeira carta, trata da questão do corpo da ressurreição.
O capítulo quinze é riquíssimo em instruções
a respeito de como é possível continuar existindo
depois que o corpo morre.
Não
vamos fazer nenhum estudo, nem examinar os muitos argumentos dos
teólogos e entendidos, mas apenas lembrar o que disse o
Apóstolo. A vida do homem é como uma semeadura.
Semeia-se natureza carnal, ressuscita-se natureza espiritual.
Semeia-se corpo animal, ressuscita-se corpo espiritual. Há
corpo carnal e há corpo espiritual. Primeiro é a
vida na carne e depois, a vida espiritual. Trazemos em nós,
a imagem do homem terreno e também a imagem do homem espiritual.
A carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus.
São
muitas as colocações do Apóstolo a favor
da existência do corpo espiritual, que surge na morte do
corpo carnal. Então, qual a dúvida? A questão
toda reside no fato de que o corpo de Cristo desapareceu. As narrativas
bíblicas apontam para a subida do Filho de Deus aos céus,
de posse do seu corpo físico. É o que a história
chamou de “ressurreição da carne”. Sendo
assim, se vamos ressuscitar no último dia, precisaremos
do nosso corpo. Um bom número de pessoas acredita que no
Dia do Juízo, os corpos em que viveram, serão novamente
constituídos por Deus. E, sendo assim, aquele que tem o
seu corpo cremado, ficaria sem corpo. Como ele ressuscitaria?
É claro que Deus teria poder para ajuntar os átomos
e as moléculas dispersos pelo fogo, constituindo novamente
o corpo do falecido. É assim também, com os corpos
destruídos em acidentes, devorados por animais e outros
gêneros de morte.
Portanto,
quem acredita na ressurreição da carne, pode ficar
tranqüilo. Independente do tipo de morte e do destino do
corpo, o Senhor é poderoso para ajuntar novamente os restos
cadavéricos e torná-los de novo a vestimenta da
alma. Mas, não seria mais simples aceitar que a alma pode
viver na Eternidade, sem o tal corpo que ficou na sepultura? Afinal,
para quê serviria um corpo carnal do lado de lá,
se as almas nos parece continuar vivendo normalmente, como no
caso de Moisés, Elias e Lázaro. Não há
na Bíblia resposta para isso, irmãos. Na verdade
o corpo de carne, reconstituído pela ressurreição,
não teria nenhuma serventia, a não ser que existisse
no céu uma vida orgânica, coisa que não pode
ser testificada pelas Escrituras.
E,
se a idéia de um corpo espiritual é tão simples
assim, por que não é aceita pelos estudiosos? Aceitar
uma coisa dessa ordem, seria admitir que, em relação
à existência da vida depois desse mundo, sempre se
andou no escuro. A teologia teria de ser reformada em todas as
suas bases e, forçosamente, haveria uma reforma na igreja,
talvez mais profunda do que aquela que aconteceu na idade média.
Os teólogos bradariam: querem ressuscitar aquele herege
do Orígines; isso é gnosticismo; é uma astuciosa
obra do demônio. Todos aqueles gritos, bem conhecidos da
história.
Continuemos
crendo naquilo que sempre acreditamos, sendo cada um livre para
aceitar ou não, o corpo espiritual independente da vestimenta
carnal. Sim, existem dúvidas, muitas dúvidas. Mas,
com a chegada dos tempos do fim, a luz virá com tal poder,
que nada ficará oculto e a face dos crentes, será
iluminada para sempre. E veremos todas as coisas, sem mentiras.
Aqueles que durante a história da igreja fomentaram no
povo falsas doutrinas e crenças, eles serão desmascarados
e sofrerão o castigo da vergonha eterna. Honra e glória
ao Filho de Deus, Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador. AMÉM.
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